27 de jun. de 2010

Saudade



Estou transcrevendo o Livro Verde, faço folha a folha chorando, não mudo nem uma letra, nada. Como pude ter escrito aquilo com vinte e um anos. Literalmente. Fui. E ele agora me inspira a não parar; o Brasil não merece, o mundo não merece. E vou apresentar aqui uma música que embalou muitas madrugadas, aproveitar para mostrar o que é saudade, creio que toda saudade, no fundo, no fundo, é saudade de nós mesmos e Dele, e quando estamos com Ele, tudo transcende, e a companheira ou companheiro neste estado, se converte em luz, ou irmãos.

Seis meses em São Carlos, e dá-lhe férias, e dá-lhe estrada. Eu e um companheiro de curso cujo cabelo liso escorrido chegava na cintura de um corpo magérrimo de um metro e noventa, tratamos de angariar fundos para uma reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) que ocorreria em Belém. Partimos de ônibus e carôna com o pouco que conseguimos. Numa beira de estrada no Maranhão, nos deparamos com um ônibus que vinha de Minas Gerais com um grupo totalmente feminino rumo a reunião. Dois minutos, e partia o ônibus, com nós dois sendo ovacionados no meio das mineiras, companhia que seguiu até depois, quando esticamos a viagem até a praia de Ajuruteua, próxima a ilha de Marajó.
A irmandade do grupo era incrível, sem restrições, sem sacanagem, só naturalidade. Lembro-me de uma manhã, o grupo tinha pernoitado em cabanas de palha a beira da praia. Ao amanhecer, aquela alvorada me conduziu até a beira mar, me despi e entrei,  então vi que estava acompanhado. Minha amiga era uma mineirinha loira de olhos azuis. Aquele sol surgindo, e o mar... e não nos vimos, nos banhamos e saímos, estávamos inertes no amor do eu, este ser que temos que acender, zelar, conhecer. No trato com o outro a pureza é fundamental, não se esquecendo que as misturas acontecem a cada segundo.
Para um coração espelhado na verdadade, basta a observação ou alguns relacionamentos para valorizarmos a saudade que ao menos pode ser verdadeira.



Ainda com saudades?    Saudade



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24 de jun. de 2010

Os anos

Ontem comemoramos os vinte anos de atividades do centro de Raja Yôga de Campinas, e coincidentemente era aniversário do Ken, e descobrimos também que era aniversário espiritual da Luciana, e chegamos facilmente na idade Trinta e Um anos de puro amor. A noite estava realmente estrelada, uma constelação incrível, uma reunião de eternos onde os anos eram contados como segundos. Eu não via o Ken e Luciana há quinze anos, e era como se estivessemos no mesmo dia em que ele subindo uma escada rumo a seu quarto em Gyan Sarovar, ele me disse "Roca, vamos gravar um CD"?, e eu senti que não o acompanharia mais. Foi neste exato momento. E ontem, sentei-me ao seu lado, e senti que fui buscar uma xícara de chá e que demorei quinze anos. Agora sou eu que o convido. "Ken, vamos gravar um CD"?. E toda família sorria e se reconhecia.

22 de jun. de 2010

Kali Yuga




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O Bhagavad Gita



O Gita Condensado

 

The Gita Condensed

 

por Kalakantha Dasa

Em 1968, Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada publicou o Bhagavad-gita Como Ele É, que desde então vendeu dezenas de milhões de cópias em várias línguas. Como um devoto de Krsna em tempo integral e sanscritólogo perito, Srila Prabhupada reportou com todas as letras a clara conclusão do Gita, que muitos comentadores obscurecem com suas traduções liberais, e por terem também outros importantes afazeres em suas agendas. Os significados de Srila Prabhupada esclarecem para nós os versos falados por Krsna e Arjuna. A versão condensada desse diálogo histórico que será aqui apresentada combina pontos chaves de versos e significados na mesma seqüência em que aparecem no original. Os versos não são citações diretas, e por isso não substituem o Bhagavad-gita Como Ele É em sua versão original. Em vez disso, esta versão provém uma visão geral do tratado filosófico do Gita. Ela está em conformidade com a compreensão apresentada por Srila Prabhupada e pode ser usada com fim introdutório ou para revisão.

Parte 1: Ação

Arjuna: Krsna, por favor, conduza minha quadriga até o meio de ambos os exércitos. Deixe-me ver quais seguidores do infrator das leis, Duryodhana, vieram até aqui para lutar.

Krsna (Guiando a bela quadriga dourada para o meio dos dois gigantescos exércitos que se contemplavam no campo de batalha): Apenas veja, Meu primo, todos os grandes guerreiros aqui reunidos.

Arjuna (horrorizado): Krsna, eu não posso lutar contra esses parentes queridos, professores e mais velhos. Toda a minha família seria destruída. Prefiro morrer, ou simplesmente viver como um mendigo.

Krsna (sorrindo gentilmente): Você esqueceu-se que todos são almas eternas, e não corpos físicos. Você pode matar o corpo, mas não a alma.

Arjuna: Krsna, como eu poderia matar esses homens dignos de adoração? Qualquer possível vitória seria maculada pelo derramamento do sangue deles. Eu não sei o que fazer. Por favor, instrua-me.

Krsna: Meu amigo, você é um guerreiro. Lute, mas não para seu prazer pessoal. Lute para o prazer do Supremo. Então você estará agindo como a alma eterna que você de fato é. Lute contra todas as variedades de materialismos e seja um yogi.

Arjuna: O que fazem os yogis? Como eles agem?

Krsna: Os yogis executam seus deveres externos sem apego, porque eles se tornaram senhores de seus sentidos e mente. Eles desfrutam de uma felicidade interior, que está esquecida por muitos.

Arjuna: Você está me dizendo para ser feliz interiormente e ao mesmo tempo pedindo que eu lute. Isso é contraditório.

Krsna: Você não pode viver sem agir, Arjuna. Ao invés de agir para seu prazer pessoal, faça o que você faz como um sacrifício ao Supremo. Assim, você será feliz.

Arjuna: O que é isso que me faz agir egoistamente?

Krsna: A ânsia por autogratificação, Arjuna, nascida de desejos inesgotáveis. A ânsia por autogratificação destrói sua habilidade de pensar claramente. Por muitos anos Eu venho ensinando as pessoas a como usar a yoga para que se livrem disso. Eu ensinei ao deus do sol, que ensinou ao seu filho, que começou uma longa corrente de professores. De alguma forma, todavia, o conhecimento original se perdeu, por isso, hoje, Meu caro amigo, Eu irei ensinar este conhecimento para você.

Arjuna: Como Você pode ter ensinado algo ao deus do sol, que é muito mais velho do que Você?

Krsna: Corpos comuns envelhecem e morrem, Arjuna, mas Meu corpo é espiritual e jamais se deteriora. De tempos em tempos, Eu apareço na sociedade para ajudar as pessoas boas e aniquilar as más. As pessoas boas tornam-se livres da ânsia por autogratificação e direcionam seu amor para Mim. Mas existem vários tipos de pessoas, e Eu reciproco a cada uma individualmente.

Aja em harmonia com Meu plano, Arjuna. Quando assim o fizer, tudo o mais – seu trabalho, seu equipamento, seu conhecimento – se tornarão parte de uma bem-aventurada oferenda, um sacrifício para o Supremo. Há vários tipos de sacrifício, Arjuna, por isso você deve encontrar um guru verdadeiramente iluminado para que lhe ajude explicando cada sacrifício.

Agir sem apego e agir para o Meu prazer são ambas formas de yoga. Todavia, agindo para Mim, você automaticamente age sem apego. Lembre-se que sou Seu amigo, o proprietário de tudo, que todas as ações se destinam a mim. Então você terá interminável paz interior. Você cumprirá seu dever em perfeita yoga, ou união coMigo. Para isso, você talvez ache útil executar as longas austeridades do processo místico da yoga e da meditação.

Arjuna: Fazer a mente sentar-se quieta é como tentar controlar os ventos. A yoga mística parece muito difícil para mim.

Krsna: Sim, ela é difícil, mas não impossível.

Arjuna: E se eu começar a trilhar o caminho da yoga e falhar? Eu então serei um perdedor, tanto material quanto espiritualmente.

Krsna: Como pode haver perda, quando se faz o que deve ser feito? No mínimo, sua próxima vida será melhor. Por outro lado, se você conseguir aprender a Me amar, na hora da morte virá a Mim e deixará para trás este mundo terrível.

 

Parte 2: Devoção


Krsna: Arjuna, escute o que tenho a lhe dizer. Você é uma das poucas almas que querem conhecer a verdade. Apenas tente entender estes pontos:

Tudo emana de Mim, Arjuna, até mesmo os três tipos de materialismos, que afetam a todos, exceto a Mim, que os criei.

Pessoas que sejam materialistas, arrogantes, pseudo-sábios ou tolos, ignoram-Me. As pessoas buscam por Mim quando estão curiosas, desesperadas, tristes ou quando são sábias.

Pessoas que pensam que sou apenas uma manifestação do Brahman, o espírito sem forma, jamais Me conhecem pessoalmente. Mas os sábios que servem a Mim vêm a Mim após a morte. 

Arjuna: Fale-me, por favor, sobre este espírito sem forma, bem como dos deuses, da alma, do karma, e de Sua presença em meu coração. E, por favor, diga-me como posso conhecê-lO na hora da morte.

Krsna: O espírito sem forma, ou Brahman, é minha refulgência espiritual, e as almas espirituais - ou centelhas individuais – são da mesma natureza espiritual. Por natureza, as almas individuais são servos, mas, se elas decidem servir a este temporário mundo material, elas sofrem com a lei do karma. Quanto aos deuses, Eu os criei para administrarem este mundo material. E, sim, Eu vivo em seu coração como a Superalma, Arjuna.

Para lembrar-se de Mim à hora da morte, pratique lembrar-se de Mim enquanto luta. Em outros momentos, pense em Mim como o mais velho e sempre jovem, grande e minúsculo, mas sempre como uma pessoa, radiante como o sol. Os yogis místicos se submetem a longos, profundos e mecânicos processos de meditação para deixarem seus corpos em um momento exato. Isso os ajuda a irem ao Meu encontro no mundo espiritual – o único mundo livre da miséria dos repetidos nascimentos e mortes. Mas lhe é possível chegar lá simplesmente por lembrar-se de Mim. De fato, por servir a Mim, você obtém tudo o que por ventura ganharia através do estudo, da austeridade, da caridade, renúncia ou de qualquer outra atividade religiosa.

Diria mais. Essa instrução é o rei da educação, Arjuna. Porque você não Me inveja, você é qualificado para receber este conhecimento. Você deve apenas ouvir com fé.

Eu crio o universo e tudo o mais dentro dele, mas Eu continuo um indivíduo, intocado por Minha criação. Tolos Me vêem como um homem comum, mas as grandes almas se curvam perante Mim e Me servem com amor. Outros, ao contrário, oferecem grandes sacrifícios aos deuses, porque têm interesse nos prazeres materiais que os deuses podem lhes dar. Mas se alguém me oferece apenas um pouco de água ou uma flor ou algum alimento vegetariano, Eu aceito.

Mesmo que você cometa erros, Eu lhe aceitarei; Sou equânime para com todos, mas parcial para com Meus devotos. Seja Meu devoto, e Eu lhe prometo que virá a Mim.

Em resumo, apenas saiba que Eu crio tudo. Sempre Me sirva e fale sobre Mim, e você será feliz, pois Eu, situado dentro de seu coração, destruirei com a luz brilhante do conhecimento a escuridão nascida na ignorância.  

Arjuna: Eu sinto muito prazer em ouvi-lO, Krsna. Parece-me que apenas Você pode conhecer a Si mesmo. Como poderia eu conhecê-lO?

Krsna: Quando você se deparar com o melhor de algum grupo – como o tubarão entre os peixes, ou o leão entre as feras, por exemplo – lembre-se de Mim. Lembre-se que qualquer beleza que você contemple neste mundo é apenas uma centelha de Meu verdadeiro esplendor.

Arjuna: Krsna, Você gentilmente desfez minha ilusão. Embora eu possa vê-lO agora como Você é, se Você acha que sou capaz de contemplar essa forma, mostre-me Sua forma na qual Você é todo este universo e tudo o que há dentro dele.

Krsna: Sim, Arjuna. Eu lhe darei agora olhos divinos para contemplar essa visão divina. Contemple-a!

Arjuna (espantado): Krsna, eu vejo os grandes deuses com suas armas e jóias, vejo inumeráveis planetas, tudo é deslumbrante, com todas as cores imagináveis. A refulgente glória de tudo isto está me cegando. Mesmo os deuses se curvam com medo perante Você. Você é mesmo a origem de tudo, Krsna! Você testemunha a tudo com Seus olhos, que são o sol e a lua. 

(com medo) Agora posso vê-lO destruindo os corpos de todas as entidades vivas com Seus dentes afiados e assustadores. Meus parentes, meus amigos – todos estão indo em direção a seus dentes! Por que está fazendo isso?

Krsna: Eu sou o tempo, a morte de tudo. Todos estes guerreiros já estão mortos por Meu arranjo, Arjuna. Lute como Meu instrumento e tenha para si a fama eterna!

Arjuna (tremendo): Grandioso Senhor, ofereço-Lhe minhas reverências de todas as formas! Toda entidade viva deveria glorificá-lO, mas eu tolamente Lhe tratei como um amigo. Por favor, perdoe-me, assim como um pai perdoa um filho ou uma esposa perdoa o marido. E, por favor, permita-me vê-lo novamente como Krsna. 

Krsna: Minha forma universal lhe assustou, Arjuna. Fique calmo. Contemple novamente a forma que lhe é querida. Arjuna, mesmo que uma pessoa execute todo tipo de atividade piedosa, ela não pode ver-Me assim, como Krsna. Apenas através do serviço devocional é possível conhecer-Me como sou.

Arjuna: Meu Senhor, eu devo contemplá-lO como Krsna ou como o infinito, como o espírito sem forma?

Krsna: Alguns meditam em Mim como o espírito sem limites. Esse tipo de meditação é problemática, mas eles acabam Me alcançando. Mas se você pensar diretamente em Mim, Eu prontamente lhe resgatarei do oceano de nascimentos e mortes.

Se você não é capaz de pensar sempre em Mim, então escute e cante minhas glórias através da prática de bhakti, ou serviço devocional. Se você não pode fazer isso, então trabalhe para Mim, ou ao menos trabalhe em caridade, porque desapego da mentalidade egoísta traz paz – mais do que traz o mero conhecimento.

Pessoas que pensam em Mim com devoção desenvolvem grandes qualidades, como gentileza, tolerância, estabilidade emocional e determinação. Elas amam a Mim, e Eu as amo. 

 

Parte 3: O Conhecimento Espiritual


Arjuna: Krsna, qual a relação do corpo e da alma?

Krsna: O corpo é como um campo de atividades para a alma. Uma alma comum se interage com o corpo usando os sentidos para experimentar diferentes emoções, como a luxúria e o ódio. Todavia, com a ajuda de um mestre espiritual [guru], uma alma sábia se torna desapegada do corpo material. Tal pessoa é humilde, equilibrada e verdadeiramente livre.

Como a Superalma, Eu ofereço instrução para todas as almas, sejam elas sábias ou não. Toda alma pode escolher entre Mim e o materialismo. Aqueles que escolhem o materialismo sofrem repetidos nascimentos e mortes em diferentes espécies de vida. Aqueles que escolhem a Mim, passam a conhecer todas as coisas: espirituais e materiais.

Deixe-Me falar-lhe mais sobre a energia material. Ela se manifesta em três variedades, ou modos: bondade, paixão e ignorância. Como o Pai que dá a semente, Eu animo a matéria inerte dando a ela as almas espirituais. Então os modos controlam o resto. O modo da bondade condiciona a alma à felicidade temporária, o da paixão à ambição, e o da ignorância à ilusão. Os três modos da natureza competem entre si pela supremacia, levando você, a alma eterna, de uma condição material para outra. Apenas quando estiver livre do controle desses modos, você poderá provar o sabor da felicidade verdadeira.

Arjuna: Como alguém se situa acima dos três modos? E tendo conquistado os três modos, como a pessoa se comporta?

Krsna: Para conquistar os modos e ficar livre tanto do bom karma quanto do mau karma, simplesmente ame e sirva a Mim em todas as circunstâncias. Assim, quando os oscilantes modos irem e virem, você apenas os observará, sem apego ou aversão. Nesse estado, você será inabalavelmente calmo e tratará a todos com equanimidade.

Arjuna, imagine este mundo como uma grande e ancestral figueira de bengala, cujos galhos crescem para baixo e se transformam em raízes. É impossível dizer onde esta árvore começa ou termina. Se você quiser escapar do enredamento desses galhos, você deve cortar esta árvore. Então, você poderá entrar em Minha morada auto-refulgente, na qual não há necessidade de luz solar ou eletricidade. Quando você chegar à Minha morada, você não terá saudade dessa árvore mortal.

Eu quero que todos venham à Minha morada, por isso Eu sento-Me no coração de todos como a Superalma e ofereço instrução espiritual. Eu também escrevo a literatura Védica para que as pessoas possam conhecer a Mim. Eu sou superior tanto aos materialistas quanto às almas iluminadas. Se você conhecer a Mim, você se tornará sábio, e tudo o que fizer redundará em perfeição.

Eu acabei de lhe dizer algo sobre as almas iluminadas: elas são honestas, puras, autocontroladas e desapegadas. Você está entre essas pessoas, Arjuna, mas deixe-Me falar-lhe um pouco sobre os materialistas, os desvirtuados ateístas. Pessoa não-divinas não sabem o que deve ser feito ou o que não deve ser feito. Elas são sujas, desonestas e exageradamente interessadas em sexo. Pensando que Minha criação na verdade pertence a elas, elas constroem armas destrutivas e se sentem poderosas e orgulhosas. Suas ocasionais manifestações de religiosidade e caridade são destituídas de significado, pois são escravos da ânsia por autogratificação. Presos no materialismo pela avareza e ira, caem em formas inferior de vida nascimento após nascimento.

As escrituras sagradas, que podem salvá-los desse fado, não lhes interessam.   

Arjuna: O que acontece com aqueles que não se baseiam nas escrituras sagradas [Vedas], mas criam seus próprios processos de adoração?

Krsna: Uma religião imaginada é produto dos três modos. No modo da bondade a pessoa adora os deuses; no modo da paixão, políticos e homens poderosos; e, na ignorância, fantasmas que podem lhe fazer favores.

Os três modos afetam a tudo, mesmo sua comida. Sucos, gordura natural e alimentos integrais são do modo da bondade; alimentos amargos, salgados, ácidos e picantes são do modo da paixão; e alimentos putrefatos, frios ou velhos são da ignorância. Os modos também influenciam o tipo de caridade que você dá e qual tipo de disciplina você estabelece para si mesmo. Mesmo assim, você não deve abandonar os atos de caridade e penitência.

Arjuna: O que significa, portanto, ser renunciado?

Krsna: Renúncia significa desapego aos frutos do trabalho. Uma pessoa no modo da bondade trabalha por uma questão de dever, renunciando aos resultados. Outra, no modo da paixão, renuncia o trabalho quando ele apresenta algum obstáculo. Outra ainda, no modo da ignorância, trabalha com preguiça e de forma confusa.

Vendo outros como almas espirituais e agindo com esse conhecimento, você se situará no modo da bondade. Isso requer um esforço da mente, mas a dificuldade inicial logo é retribuída com a chegada da felicidade verdadeira. Felicidade no modo da paixão parece esplêndida no começo, mas termina sendo dolorosa. Felicidade no modo da ignorância, como o uso de drogas, é amarga do começo ao fim.

Aqueles que agem no modo da bondade, ou brahmanas, normalmente são juízes, professores ou sacerdotes. Ksatriyas, aqueles que trabalham no modo da paixão, normalmente são administradores, policiais ou soldados. Paixão e ignorância se combinam para produzir os vaisyas, comerciantes e agricultores. Aqueles com predominância do modo da ignorância são chamados sudras, e trabalham como artesãos, operários ou subordinados.

Independente do melhor tipo de trabalho que se adéqüe a você, trabalhando para o Supremo, seu trabalho é yoga, e, portanto, é divino. Assim, é melhor cumprir seu dever, mesmo que imperfeitamente, do que cumprir o dever de outrem com perfeição.

Meu querido Arjuna, apresentarei agora um resumo de tudo o que ensinei até então.

Servindo a Mim, você aprenderá a agir e a viver com conhecimento e de forma simples, controlando sua mente e seus sentidos e renunciando os frutos de seu trabalho. Muito em breve você desfrutará de paz e obterá internamente uma felicidade sem precedentes, e apreciará todas as entidades vidas. Em tal estado de consciência, você alcançará Minha morada.

Pense sempre em Mim e mantenha-se devotado a Mim; Eu livrarei seu caminho de qualquer obstáculo. Se você tornar-se egoísta e pensar que pode trilhar esse caminho sozinho, você se perderá.

Você é um guerreiro, Arjuna; devido à sua natureza, você terá invariavelmente que lutar por algo. Lute para Mim e você retornará para Minha morada.

Acabei de lhe dizer os segredos da perfeição. Pense em tudo o que lhe falei, e faça aquilo que for de seu desejo.

Como você é muitíssimo querido a Mim, eu concluo aqui:

Pense sempre em Mim. Torne-se Meu devoto. Adore-Me e ofereça-Me suas homenagens, e você retornará a Mim. Abandone todas as suas outras ocupações, Arjuna, e se submeta a Mim. Não tema: Eu lhe livrarei dos resultados de qualquer erro do passado.

Por favor, repita essas Minhas palavras, mas apenas para pessoas piedosas. Isso garantirá plenamente que você voltará a Mim, pois ninguém pode ser-Me mais querido do que aquele que distribui esta mensagem. E todo aquele que ouve esta mensagem com fé, sem nenhum sentimento de inveja, alcança o mundo dos piedosos.

Arjuna, você entendeu o que Eu lhe disse? 

Arjuna (confiante): Infalível Krsna, Você destruiu minhas ilusões e dúvidas. Por Sua misericórdia, eu pude lembrar-me quem eu sou. Agora, seguindo Suas instruções, estou pronto para lutar.


Tradução de Bhagavan dasa (DvS) e revisão de Prema-vardhana devi dasi (DvS)


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Comemoração

E olha no que se transformou...






O organização não governamental (ONG) Brahma Kumaris, entidade internacional indiana que promove a filosofia raja yoga, celebra 20 anos de atividades em Campinas. Para comemorar o aniversário programou atividades especiais. Os destaques são as palestras ministradas pelo diretor da ONG para a América do Sul, Ken O’Donnell, e pela coordenadora nacional da instituição, Luciana Ferraz, na próxima quarta-feira.

O nome da instituição, em hindi, significa “filhos (kumaris) do criador (Brahma)”. A escola tem por objetivo resgatar e reativar os valores e virtudes do ser humano por meio da meditação para adultos e crianças. “Mas, a Brahma Kumaris proporciona mais do que meditação. Oferece diversas atividades de revalorização do ser humano para a construção de um mundo melhor”, diz a coordenadora da ONG em Campinas, Kátia Roel.

A escola ensina, gratuitamente, um método prático de meditação que ajuda as pessoas a compreenderem a força interior, valores e qualidades internas. Não utiliza mantras, posturas físicas difíceis ou roupas específicas. “A proposta da escola é ensinar a meditar em qualquer lugar, hora e situação e de olhos abertos”, diz Kátia, que pratica meditação há 17 anos.

A sede fica na Rua Eduardo Lane, 134, Guanabara, Campinas. Mais informações e inscrições pelo telefone (19)3241-7480, ou no site www.bkwsu.org/brasil.





Que bela flor deste jardim. Saudações a todos.




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20 de jun. de 2010

Amerit Vela

Esta música é a melhor expressão do que é a meditação matinal para um Yôgue.

Água e luz  -  Amelinha


http://www.kboing.com.br/amelinha/1-1008857/

De manhã, acorda pensamento e voa devagar
Revela o sentimento que se esconde no olhar
Não tem porque temer se tanta emoção
Pode falar por nós e ser a nossa voz

E é assim que eu te sinto perto de mim
Como a gente quis, ser feliz
Sem ter mais que explicar a razão (só ser)
Respirar nosso cheiro de amor, nosso ar
Nunca mais parar, céu e chão
Todo dia desejo e a fascinação

Água a luz, reflexo de uma estrela na beira do mar
Lágrimas, segredo que se esconde no olhar
Estou perto de ser bandido ou herói
Perdido na ilusão dentro do seu coração

19 de jun. de 2010

Londrina



Entre Santos onde cursava engenharia e São Carlos, cursar física em Londrina. Super jovem e sozinho caminhava carregando a certeza de não compactuar com esta sociedade, definitivamente procurava algo novo.
No Paraná com suas casas de madeira e sua terra vermelha, na rua atrás do restaurante universitário  facilmente contaríamos umas quinze repúblicas dos mais variados tipos e arranjos, e eu o Paulista logo fui apelidado de Maomé, barbudo, cabeludo, e esfarrapado, lembro-me de que na época tinha o hábito de utilizar tudo até o final (literalmente). Um dia uma estudante de medicina me chamou de lado no bar em frente de onde morava e disse "Olha não é por nada, mas eu estive lá em casa e vi esta calça, fica com ela para você, a sua esta meio... Agradeci, e não me lembro de ter utilizado a tal da calça, gostava mesmo é da minha.
Foi neste bar que no final de mais um dia tomei uma cerveja e fui dormir, saudade danada de São Paulo de minha namorada Soraya. Só sei que adormeci, quando acordei tinha tido uma das experiências mais marcantes de minha vida. Fui parar em Santo André, lembro-me perfeitamente, eu estava em seu quarto e a via dormindo, ainda observei o fato de tudo estar envolto em luz, e os detalhes de sua cama, percebia claramente que não estava ali fisicamente, e que também não se tratava de um sonho. Morta a saudade, acordei em Londrina, e depois daquela experiência, vi que havia algo muito mais poderoso que a matéria. O pensamento.



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Soraya

A noite era fria, e em um bar pequeno, com um violão ao fundo, vozes, pessoas, uma vodka, e aquele olhar. Juro que um milhão de volts percorream meu cérebro em um segundo, e logo perguntei seu nome; Soraya. Ela tinha que sair cedo, e eu tratei de levar; estava de moto, e chuviscava.
Chegamos logo, e depois de um beijo descompromissado ela ficou na porta do alto sobrado ao pé de uma enorme escadaria, a mesma que eu subiria no outro dia logo cedo quando liguei e ela pediu que a visitasse.
Ao subir a escadaria, a vi segurando um pincel; estava pintando. Ao circular pelo corredor deparo com uma velha senhora que vai logo pegando minha mão, e numa rápida consulta, dá dois tapinhas no meu braço e diz, "Ah, é você". Era a Dona Ruth velha vizinha bruxa que nos serviu muitos bolos em seu sofá; meu destino parecia estar traçado ali.
Anos depois naquela mesma escada, depois de ter seguido por quinze anos um caminho de pureza total, Soraya me contou que após minha decisão ou fato de eu ter me tornado um yogue, demorou três anos para realmente aceitar minha partida. Tenho a esperança de um dia reler as cartas que escrevi naquela época.
Vejo hoje que as histórias de amor se entrelaçam em nossa vida. como uma seiva que se mistura nas gerações, lembro-me do seu pai um Maçom, e seu avo um comunista, de sua mãe Carmem, com quem conversaria por mil e duas noites. 



Pela fresta desta janela
Ouvi o vento
E te rouba do meu leito
Sem ao menos me dizer
Para onde vai te levar

Quem se apossa assim tão fácil
É, não vai muito além
Pois na força da manhã
Posso ser muito valente
Prá vencer o espaço e te achar

Adormece o tempo
Que a fada te jurou
Fere o dedo no teu sonho
Se assusta com o meu beijo
E acorda a tempo
De saber que ainda eu sou teu rei
Vale mais a força do pensamento
Quem se apossa assim tão fácil...

Lô Borges

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Seu Augusto

Aqui posso falar de dois, meu pai físico do qual guardo três conselhos e do Seu Augusto, português pai de Denise e que foi visto juntamente com a casa antes de ser apresentado. Bom, de meu pai lembro-me de estarmos descarregando um caminhão de areia, e resolvi parar, era bem pequeno e aquele caminhão parecia sem fim. Então ele deixou de lado a pá, secou a testa com a costa das mãos e me disse "Olha, de onde você tira e ninguém põe, um dia acaba". Até hoje em muitas situações prossegui lembrando-me disto. Ai, comprando laranjas em algum lugar, lembro-me claramente ele dizer "Filho, as pretinhas são as melhores, e separou algumas para que eu visse. E já grande em São Bernardo vendo que eu andava meio atrapalhado, me disse. Cara, consegue um trabalho, uma Nega bôa e fica quieto na sua casa.
Agora, O seu Augusto, havia algum tempo que conhecia Denise e ela me convidou, porque você não vem conhecer meu pai, e lá vou eu, desci a Doutor Paulo de Bicicleta e adentrei pela casa meio ofegante e deparo-me com aquele senhor que mais parecia um duende, e me lembrou o Vinícus de Moraes. Conversa vai, e vem, e vamos conhecer a casa. Desci a escada arrepiado, era a casa, a atmosfera, sabia que seria ali. Já tinha visto aquilo antes. A casa da visão, a providência da Mão.
Decidimos passar a noite ali, e cedo pensei, "vou ouvir do pai da moça, e passando pelo corredor ele me cumprimenta "Alah esteja convosco", começava ali uma amizade de alguns bons anos, pois me separaria de sua filha e viveríamos juntos, eu, um velho pai-amigo, uma biblioteca, e mais milhares de ossos, pedras, e toda sorte de objetos. Durante os anos que vivemos juntos, assimilei muito de seu conhecimento, um velho ateu. Mais tarde vim a saber que seu filho era  e é um dos arqueólogos submarinos mais importântes do mundo.


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Enjoo

O conselheiro

Contam que certo lavrador possuía um burro que o repouso engordara e um boi que o trabalho abatera. um dia, o boi queixou-se ao burro e perguntou-lhe: "não terás, ó irmão, algum conselho que me salve desta dura labuta?" o burro respondeu: "finge-te de doente e não comas tua ração. vendo-te assim, nosso amo não te levará para lavrar o campo e poderás descansar." dizem que o lavrador entendia a linguagem dos
animais e compreendeu o que eles conversaram. na manhã seguinte, viu que o boi não comera sua ração. deixou-o e levou o burro em seu lugar. o burro foi obrigado a puxar o arado o dia todo, e quase morreu de cansaço. e lamentou o conselho que dera ao boi. quando voltou à noite, perguntou-lhe o boi: "como vais, querido irmão?" respondeu o burro: "vou muito bem. gostei da luz do sol e da alegria dos campos. mas
ouvi algo que me fez estremecer por tua causa. ouvi nosso amo dizer: `se o boi continuar doente,deveremos matá-lo para não perdermos sua carne.' minha opinião é que comas tua ração e voltes para tua tarefa a fim de evitar tamanho infortúnio." o boi concordou e devorou toda a sua ração.o lavrador estava
ouvindo, e riu.

O homem e sua mulher / o galo e as 50 galinhas

Na história intitulada o conselheiro, quando o homem deu uma risada ao ouvir o segundo conselho dado pelo burro ao boi, sua mulher (que não conhecia a linguagem dos animais) ficou perplexa e curiosa e quis saber por que ele riu. o homem não podia revelar que conhecia a linguagem dos animais. respondeu à mulher que esse riso envolvia um segredo que lhe era proibido divulgar sob pena de morte. -
quero que me contes esse segredo, mesmo que tenhas que morrer insistiu a mulher. como o homem amava sua mulher e nada lhe recusava, consentiu em revelar-lhe o segredo e perder a vida. mandou, pois, vir o cádi e as testemunhas para deixar consignadas oficialmente suas últimas vontades. e mandou vir seus parentes e os de sua mulher para despedir-se deles. todos aconselharam à mulher desistir de seu
propósito e não empurrar para o túmulo seu marido e pai de seus filhos. ela, porém, teimou, repetindo: "quero conhecer o segredo, mesmo que ele tenha que morrer”.toda essa movimentação despertou a atenção do cão e dos animais da capoeira. o cão censurou o galo por estar cantando quando o amo deles todos estava para morrer. o galo perguntou: "e por que nosso amo está para morrer?”
o cão contou-ihe a história. comentou o galo: "por alá, nosso amo é muito tolo. eu tenho cinquenta esposas. agrado a uma; desagrado a outra; mas não permito nenhuma rebelião entre elas. e ele tem apenas uma esposa e não consegue controlá-la. o que ele deve fazer é apanhar umas varas verdes nas amoreiras e bater nela até que se arrependa e não mais lhe exija nada." o homem ouviu o que o galo disse ao cão,
pensou e decidiu seguir o conselho do galo. cortou umas varas das amoreiras, escondeu-as no quarto do casal e chamou a mulher: "vem comigo até nossa alcova para que te conte o segredo e me despeça de ti para sempre”.quando a mulher entrou no quarto, o homem trancou a porta, apanhou as varas e bateu nela até que ficou cega de dor e gritou: ‘ arrependo-me. " e beijou lhe as mãos e os pés. em seguida, saíram juntos em paz para iniciar uma nova vida. e os parentes e os vizinhos se regozijaram por eles.

Do Livro Mil e Uma Noites



Enjôo

Ontem recebi a visita de Beth Coração, que nos visitou a pedido de minha irmã Ângela, que pensa que estou louco. Sim, louco de amor como tenho dito a meses, mas sem ser ouvido, pois amor, parece estar distante da vida de todos. Beth comentou que poderia procurar uma acumpunturista muito boa que aliás já esta tratando de outro da cidade. Tudo muito interessante, e o fato de estar ocorrendo no dia da morte de José Saramago, me faz não deixar de escrever estas linhas.

Mulheres, mulheres, estou com enjoo de vocês. Será impossível Deus ou alguém transformar este mundo sem a "ajuda" de vocês, e eu um Pandava, que tenho a função de protegê-las, com enjoo (para não dizer outra coisa) de vocês. Creio já ter passado da hora de vocês deixarem de ser as porta-vozes do amor e tratarem de se enxergar. As Santas, as Putas, as Normais, as Casadas, As independêntes, etc. Todas vocês "mulheres", as tais que vivem cobrando o "amor", a decência, a educação, e até a sacanagem (ou a falta dela porque só procura o impróprio quem não tem o verdadeiro). Aliás já tinha notado, proibiram o amor e surgiu então a pornografia.
Bom, mulher quando sente enjoo é porque esta grávida, acho que estou gravido de uma. Que condição... E ainda me pedem definição. O fato é que somos o que somos, e diante do conhecimento e da prática tudo isto só fica mais e mais claro. Se o conhecimento e a prática dele leva a loucura, porque tantos se esforçam tanto em transmiti-lo e pratica-lo? E olha que incluo aqui a Cássia Heler, A Eliz, o Cartola, Tom Jobim, etc Será que não souberam praticar? O que o próprio Pai esta pedindo? O que o povo esta pedindo? Para que tanta hipocrisia de todos os lados? Estão todos realmente enfaixados, Umas enfaixados de "Conscientes da Alma" outras de "Demônio", outras de "Anjo". O Brasil é um pais democrático, a maior nação espirita deste planeta, e tanto já foi plantado em nome da liberdade, que me recuso a ficar calado. E vejo que vocês estão longe de entender o amor, e este mundo ainda vai se tornar uma "Sodoma e Gomorra
Acho que vou mudar o nome deste Blog para "A voz do Homem", ou melhor ainda, "Qualquer coisa", (Ia dizer "O Gay" mas eles não merecem isto), pois esta difícil ser homem ou mulher neste planeta.

Semana que vem vamos comemorar Vinte anos do Centro de Raja Yoga de Campinas, e o nome é Centro, porque escola implica em professor, e lá, o professor é você. Quem foi meu professor? O Ken? A Luciana? Quem foi o Professor de Quem? (Caberia aqui, Quem foi o professor do Ken).  Sim, é uma escola, e é maravilhosa, e o que acho mais lindo de tudo no Raja Yôga? È o que o Conhecimento do Raja Yôga, da Meditação Raja Yôga, não depende nem precisa de nada, de nada mesmo, Ele é invisível e transmitido sim, mas de uma forma sutil, digamos "espiritual". Sempre pensei que se alguém estiver doente, e só estiver ouvindo, ou "lendo", posso ensinar a ele coisas maravilhosas e importantíssimas sobre seu destino, sobre quem ele é, sobre seu Pai, sobre o momento que ele esta passando, etc, etc, e isto é Raja Yôga.

Escrevo tudo isto com Mama e Dada Lekrajeh (Brahma Baba) em mente, e simplesmente gostaria do respeito de deixarem que o estudo continuasse em paz, que não fosse necessário tanto sofrimento e esforço pela simples liberdade de ser. Estou feliz com o desenvolvimento das situações, e particularmente pretendo avançar em minhas práticas e estudos. Sendo a principal delas a constatação matemática do tempo curvo (Cíclico), e caso isto não se comprove, com certeza terei caminhado para o que há de melhor no refinamento humano.


Amor e Lembranças a todos



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15 de jun. de 2010

Para Baba

Baba, sei que quem plantou o amor em mim foi você
E eu não tenho mais o que fazer
Um dia talvez te prometi
O que não pudesse dar
Mas agora na maturidade dos tempos
Enxergo tudo que posso fazer
E não carrego o peso de promessas
E muito menos do que menti
Embora saibamos que nada escondi.

Sérgio Jorge Roca

15-06-2010







Por Amor
Eu conheço tua estrada
Cada passo que darás
Teus desejos calados, teus vazios
Pedras que afastarás
Sem jamais pensar que eu
Como uma rocha
Volto sempre pra você
Eu conheço a tua respiração
Tudo o que você não quer
Você sabe bem que o que você está vivendo
Não é vida, mas não quer reconhecer
Só se o céu, este céu, em chamas
Desabasse sobre mim
Como um cenário caindo sobre um ator.
Por amor
Você já fez alguma coisa
Apenas por amor?
Já desafiou o vento e gritou?
Já dividiu o próprio coração?
Já pagou e apostou várias vezes
Nessa mania
Que afinal segue sendo só minha
Por amor
Você já correu até ficar sem fôlego?
Por amor, já se perdeu e se reencontrou?
E tem de me dizer agora
Quanto de você colocou nesta estória
O quanto acreditou nessa mentira
Só se um rio se levantasse dentro de mim
Como uma enchente
Como o nanquim da pena de um pintor
Por amor
Você já esgotou sua razão?
Teu orgulho até o pranto?
Você sabe, esta noite eu fico
Mesmo sem nenhum pretexto
Apenas essa mania
Que ainda é forte e minha
Dentro desta alma que você dilacera
E eu te digo agora, com sinceridade
Quanto me custa não saber, que és meu
É como se esse mar todo
se afogasse em mim.
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14 de jun. de 2010

Lucinda a professora e o dia do professor

Por vários anos fui professor do curso introdutório de Raja Yôga em São Paulo. A lógica do curso é perfeita, somos jogados a uma outra dimensão; fora a experiência de meditação, a vibração do centro, o dharma, etc. uma experiência única, para os alunos e para o professor. Em Campinas as classes sempre foram numerosas, mas são raros os alunos que realmente se envolvem e assimilam a quantidade de informação. Aquela turma estava animada, perguntas sem fim, animação, no final uma participante me entrega um caderno com anotações e pede que eu dê uma olhada. Nunca tinha visto algo parecido, o curso completo, em caneta vermelha e azul, tudo, exatamente tudo. Professora. Lucinda tinha um intelecto perspicaz, também era bonita, solteira e culta, começou frequentar as aulas regularmente, até que um dia encontro um envelope na porta com um convite para jantar, era dia do professor e ela gostaria de comemorar comigo, seu professor de yôga. Pensei com meus botões, nunca encontrei uma aluna tão intrigante como esta, não posso recusar. E lá fui eu.

Como vinha dizendo era professor, terminei a aula da noite e sai para o encontro, seu apartamento era extremamente confortável e como um bom yogue uma goiaba resolveu a gastronomia, e foi um corre corre, do sofá, para o chão, e me levanto, e vou para lá, e para cá, e só sei que como digo na canção Rabo de Saia, "Seus lençóis de seda  me fazem enjoar". Permaneci mesmo como professor que era o que melhor coube para a ocasião, mas confesso que todo dia do professor me lembro daquele dia ou melhor daquela noite, e vejo que podemos confiar na egrégora, mas não é bom vacilar.

Click  Aqui

Perigo    (Esta música deveria se chamar Amerit Vela)
Zizi Possi

Nem quero saber
Se o clima é prá romance
Eu vou deixar correr
De onde isso vem?
Se eu tenho alguma chance
A noite vai dizer
Nisso todo mundo é igual
Hum! Hum! Hum! Hum!
Anjo do bem
Gênio do mal...

Perigo é ter você
Perto dos olhos
Mas longe do coração
Perigo é ver você
Assim sorrindo
Isso é muita tentação...

Teus olhos, teu sorriso
Uma noite
Nem quero saber
Se o clima prá romance
Eu vou deixar correr
De onde isso vem?
Se eu tenho alguma chance
A noite vai dizer
Nisso todo mundo é igual
Hum! Hum! Hum! Hum! Hum!
Anjo do bem
Gênio do mal...

Perigo é ter você
Perto dos olhos
Mas longe do coração
Perigo é ver você
Assim sorrindo
Isso é muita tentação...

Teus olhos, teu sorriso
Uma noite...

Nisso todo mundo é igual
Hum! Hum! Hum! Hum! Hum!
Anjo do bem
Gênio do mal...

Perigo é ter você
Perto dos olhos
Mas longe do coração
Perigo é ver você
Assim sorrindo
Isso é muita tentação...(2x)

Teus olhos, teu sorriso
Uma noite...

Perigo é ter você
Perto dos olhos
Mas longe do coração
Perigo é ver você
Assim sorrindo
Isso é muita tentação...(2x)

Teus olhos, teu sorriso
Uma noite...

Perigo é ter você!
Perigo é ter você!
Perigo é ter você!
Perigo é ter você!

Zizi Possi



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Ciclo


Ciclo 
Eu não sei o que me domina
E mesmo assim não penso em me livrar
Num fascínio de alma gêmea
Você em mim constrói o seu lugar

O amor se fez me levando além onde ninguém mais
Criou raiz, ancorou de vez, fez de mim seu cais
Lendo a rota das estrelas

Nesse abraço se fez um ciclo
Que não tem fim e é todo o meu viver
É como alcançar o infinito
Reflete em mim e volta pra você

O amor se fez me levando além onde ninguém mais
Criou raiz, ancorou de vez, fez de mim seu cais
Lendo a rota das estrelas

O amor surgiu como um em mil, por você eu vim
E assim será a me conduzir, sem mandar em mim
Como o vento e o barco a vela, que nos leva sem fim
Jorge Vercilo



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A palestra



Além da distância, pois estudava Física na UEL (Londrina- PR), achava que O Curso de Física na USP de São Carlos seria melhor para mim, e ter tirado Dez na prova de admissão foi fundamental para que aceitassem minha transferência. 
Fui aceito também para morar em uma república depois de ser entrevistado pelas nove moradoras. Residia na edícula, eramos vegetarianos, já praticava alguns exercícios de Yôga e passava as noites no telhado, observando os astros,e atento, pois minha intuição dizia... "Você encontrará o Aleph (Ponto de onde entendemos todo o Universo". 
Alguns dias depois de ter terminado o Curso Introdutório ao Raja Yoga, estava eu em minha edícula, onde recebia e enviava correspondências para todo Brasil. Amigos, escolas, etc. Deparei-me então com um envelope pequeno, remetente e destinatário escrito a mão, letra de mulher, e dentro, um convite para uma palestra no SESC de São Carlos.
Esta delicadeza me tocou. Sete e meia, lá vou eu. Ao chegar observo o auditório vazio, duas moças, Adelino (Prof. que estava organizando a palestra), e creio mais uma ou duas pessoas. Ken O`Donnel inicia sua palestra, utiliza o flip chart, vai explicando o que é yôga, e tal, e tal. Só sei que daquela palestra, carimbado em minha mente ficou um desenho de um yogue sentado, Shiva, a fonte, e uma linha que ligava os dois. Creio que nem em mil anos esquecerei aquele simples desenho.
A palestra terminou, vamos saindo, e reparei, parece que não tinha chegado mais ninguém.  Mas que flechada! Mal sabia ele!!!; Atrás daquele "bicho-grilo" estava o Roca. Que pedra no caminho. O amor e o carinho que tenho pelo ken, não cabe em nenhuma letra.

Pai
Pai lestra
Que alastra
Palestra


E como ele costumava comentar...

Ninguém poderá escrever seu nome sobre o Sol,

Quando um esquimó coça seu queixo no pólo norte, algo acontece no pólo sul.



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12 de jun. de 2010

A Árvore da Humanidade



Ainda não residia no Centro, mas seguia tudo certinho, fácil para um universitário morando sozinho, mas as férias chegaram e o pouco dinheiro tinha que ser economizado, não comia mais no restaurante universitário, além de vegetariano, gostaria de saber quem faria eu comer algo que não fosse preparado por yogues. O melhor era ficar na cidade, menor gasto e maior proteção (lembro aqui que vinha de anos de viagens por todo Brasil, viajava de carona na época). Mas fazer o que o mês inteiro. Peguei o pouco dinheiro que restava, fui a uma loja e comprei um tecido, tintas e pincéis. Pintei um quadro da Árvore das Religiões (O primeiro abaixo), media 1,4m  x 3 m, foi uma experiência incrível. Acho que é por isto que amo tanto o quadro da Árvore. Outro dia li em um livro do irmão Nirvair de Madhubham como ele foi originalmente concebido. Ainda vou transcrevê-lo aqui.

Entender a Árvore da Humanidade, é entender a Semente, O Aleph, entender Adão e Eva, entender a Pureza.




Não deixe de visitar a postagem abaixo, ela dará maior clareza a Árvore:

http://compreensaosuficiente.blogspot.com/2010/05/o-amor-e-lei-de-deus.html






O texto a seguir mostra bem esta dinâmica da Árvore.

O malabares para ser feliz


Nosso intelecto pode nos levar as alturas e também a queda, ele é o mestre da vida. O malabarista interno que equilibra o fluxo de tudo, ou não. É o jogo do drama; felicidade e tristeza de um apce a outro. Temos que explorar todas as nossas possibilidades e então retornarmos ao lar de descanso, antes de mais uma vez brincar de existir. A semente que vira árvore, flor e fruto, então semente denovo - expansão e retração.

Apartir do Cobre se inicia uma escola informal de percepções e crenças distorcidas. E ninguém escapa. Faz parte do cenário haver ideologias que sustentem o desvio e preparem o eu para as experiências do nível de pureza que aquele período permite. A cada degrau de descida "intelectos líderes" aumentam os enganos e limitam o universo das escolhas positivas. Textos sagrados falam de histórias confusas. Aprendemos a errar para bloquear as chances de felicidade por não nos sentirmos mais dignos dela. Julgamos e condenamos nós e outros pensando que isso é ser honesto com Deus. Nosso talento, que nos tornou grandiosos, se inverte tornando-se um vazio que amedronta. Entramos numa vida limitada pelo imaginário negativo com dificuldade de aceitar plenamente o bem, por que até Deus é retratado dual.

Felizmente chegamos ao fim da exploração de possibilidades tristes da alma. Somos amorosamente conduzidos pelo Criador na jornada de retorno a semente. Os residentes do mundo novo tem que sedimentar em si as crenças de Deus para esta nova etapa da peça, quando a cultura divina vai governar. Sofrimento interior e medo não fazem mais parte do contexto. Temos que nos atualizar no relógio cíclico. Agora, a peregrinação em direção a felicidade exige pensamentos cheios de essência e beleza que nos levem para o alto. Também acabou o episódio dos enganos. A Semente da verdade deu ao malabarista interno uma nova programação que permite criar possibilidades felizes com tudo e todos. É hora de mais uma vez libertar o ser e acabar os desequilíbrios que geraram os fantasmas do medo. Tudo que chega é reciclado, situações difíceis tornam-se matéria prima da alegria.

O que acontece não importa tanto mas sim como aproveitamos aquilo nesta usina de renovação da consciência. Aumentando o senso de auto dignidade paramos a repetição das programações ilusórias de tristeza. A face interna volta-se para o reconhecimento pleno do eu e de Deus.

Entendimento - libertação e amor crescente para todos nós.

No malabarismo constante.

Marcia


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O brilho do amor nos alimentos

São Paulo, intrigante, Argentina, mais adiante, não aguentaria esperar até a próxima estação onde pretendia ir a Índia, com o câmbio paralelo pagando o dobro do oficial, indo a Argentina, pagaria a passagem e ainda sobraria alguns dólares, e lá vou eu, João Dias venderia os Quinhentos dólares que tinha e me emprestaria, a passagem tinha comprado a prazo. Embarcaria no final da tarde, primeira viagem internacional. João  me garantiu que trocaria os dólares para que eu pudesse comprar novos quinhentos a preço oficial. Marcamos em baixo do Minhocão começo da tarde, e ele não apareceu, celulares não existiam, se aguardasse mais perderia o voo. Então parti com o que tinha e sem comprar nada. Ao retornar calculando o prejuíso, estava no primeiro vermelho de minha vida e com uma passagem para pagar. Estava com vontade de torcer o pescoço de alguém.
No Raja Yôga temos a prática de cozinhar na lembrança Dele, e transmitir vibrações que acreditamos serem transmitidas via alimento. Naquela manhã era eu o encarregado da cozinha, e tratei de esquece o acontecido e cozinhar nas melhores das vibrações. Morava no Museu nesta época, A tarde ao retornar do trabalho,  passei no Centro, fiz uma breve meditação, desci a Cardoso com os pensamentos ainda a flor da pele, o estrago tinha sido grande, melhor almoçar, embora já fosse tarde. Primeira bocada como diz minha mãe, segunda, terceira, e fui percebendo meus pensamentos mudarem e retornaram os mesmos sentimentos de quando tinha cozinhado de manhã. É a pratica. Algo parecido só tinha experimentado quando morava sozinho em São Carlos e cozinhei com tanta lembrança na república onde morava, que nos primeiros bocados, vi o alimento brilhante descer pelo meu corpo até o estômago. Antes de ir morar no Centro de São Carlos, morava nesta república sozinho em um quarto separado da casa. Até hoje me recordo de algumas meditações matinais que fiz no chão daquele quarto.
Na vida de um yogue, com certeza, a alimentação é uma ferramenta poderosíssima.



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São Paulo - Curto Circuito

São Paulo sempre foi uma metrópole, intrigante. Só sei que mesmo sendo natural do ABC sempre sentia medo quando atravessava suas marginais. O fato é que aprendi a gostar dela, deixando ela gostar de mim, trabalhando, entre suas ruas e seu corre-corre.

Recem chegado a cidade vindo de São Carlos, residindo em um Museu Espiritual em plena Cardoso de Almeida, Perdizes, a PUC ali ao lado, conviver com todo aquele movimento, era emocionante. Tempos antes, tínhamos organizado uma caminhada pela Paz, saindo da Praça da Bandeira, seguindo até o Masp. Imaginem..... Para min e para Cícero Bhai sobrou somente construir a flor de lótus onde nossa querida Marli sentou-se em meditação. A flor foi feita de arame e espuma, e montada em cima de uma carretinha que foi puxada  por um carro.

Todos também ficaram espantados quando resolvi participar de um passeio ciclístico que ocorreria no Ibirapuera. Consegui uma bicicleta, montei duas laterais bem grandes onde desenhei o mundo, e eu de branco, meio enfeitado de anjo e tocando a buzina, aquela de sininho trim, trim. E lá vou eu Cardoso a cima rumo ao Ibirapuera...

Já viram que tínhamos fôlego, mas interessante mesmo foi esta:

Encarregado de checar o som e iluminação do auditório do SESC Vila Mariana para uma palestra por ocasião da visita de uma importante irmã Indiana. Visitei o auditório naquela tarede, e tudo combinado, certinho, a noite, usei até gravata, auditório lotado, uma perfeição. De repente, Luciana que estava traduzindo a palestra, indica que era hora da  meditação, um som leve e ela irá conduzir alguns pensamentos. Indico então para o técnico de som, que inicie a música que ela vai falar. Então ele me diz "Ou som ou música", eu gelei, como!  "Ou som ou música", estávamos num dos maiores auditórios da América Latina. Ele me disse, você não falou que teria som e música juntos. Olhei para o palco, Luciana já segurava sua trança, e suspirava. Então o Operador de som vendo minha situação teve uma idéia. Colocamos o som em um canal e a voz no outro. Tentando conectando os fios, estava escuro, acendemos um isqueiro, e só me lembro do isqueiro derretendo, e a meditação acontecendo, acho que sem som e sem voz. No outro dia, não sei como encarei a meditação antes da aula matinal, já que nos olhamos nos olhos, mas o fato é que não perdi uma aula matinal em mais de uma década, e este assunto nunca foi comentado,  isto é a prática de Raja Yôga.



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A dança




Estacionando o carro, combinamos mais alguns detalhes da reforma da casa,o novo centro estava ficando muito bom; mas ao nos despedirmos notei em seu olhar um vazio meio triste que me dizia, "O que vou fazer até as três da matina quando acordarei para Amerit Vela? (caso consiga dormir)". Como nem tudo posso responder. A pergunta se perdeu no silêncio.
Como de costume, desci para a meditação da horas matinais, Cláudia Jardin, já estava sentada, e ao passar tive a idéia, porque não trocar-mos um dristhi? Juro que não imaginava as consequências de tal ato. Sentei-me e começamos a meditar, o poder foi aumentando, a sala começou a brilhar, luz para todos os lados, ai Cláudia se levanta e começa a dançar, e eu a meditar, Não sei onde fui parar, só sei que não me levantei, e aquela para mim, era a dança de Shiva. Quando nos demos conta do tempo, já batiam na porta para a aula. Teria sido aquilo uma resposta?


Olhem que música interessante:    Clic Aqui


Dança infernal

Corro o risco da estrelas
onde se cortar
gaste todas as idades
pra não se gastar

Faça o que lhe der na telha e se ela quebrar
não se assuste porque a gente vai querer dançar
quando o pano abrir o espaço pro amor entrar
seja todos os lugares onde queira estar

Seja todos os perigos
e se atravessar
ou não esquente porque a gente
vai querer dançar

Dançar uma dança infernal
que o mal não é coisa pouca
e eu presa por cantar o amor
Dancei mas não vou fugir dessa aventura louca

É a luta pra que a coisa
fique como está
é que o que pra um é doce
pro outro é de amargar

Viva todos os motivos
dance até queimar
que se a coisa anda feia
é melhor dançar


Zizi Possi


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Beijei a lona


Tinha acabado de retornar de uma semana de férias com familiares em praias Catarinenses. Estava solteiro e decidido, o trabalho, o comércio, bagaço de uma cana que já foi doce e agora estava ceco e difícil, Piracicaba sempre linda e quente, acabo de conhecer Beth Coração, e estranhei o fato de me apresentar a ela como compositor. Iria dedicar a minha vida a fazer músicas, e meu coração definitivamente apontava, minha inspiração seria uma negra.  Retornando de um samba, sozinho (não pensem que é fácil sair acompanhado de um Samba), aquela casa enorme e eu sozinho, tantas mulatas, negras, e eu sozinho. E eu que nunca tinha pedido nada a Deus, nada mesmo, do coração, nada. No meio do quarto, em pranto, sozinho, ergui as mãos e pedi. " no meio de tantas, porque Você não consegue uma para mim", e imaginei a forma, ela estava no meu coração, desejo, vontade, força de vontade. Me recompus e segui, alguns dias depois, recebo um telefonem, a de uma moça querendo me conhecer, era Cinthia, Tínhamos uma amiga em comum, e ela procurava emprego, não tardou para ficarmos amigos.
No primeiro dia de trabalho, ela que acabara de chegar, desmarcou uma viagem que faria com um engenheiro a São Pedro. Ele me disse: Ela desmarcou. E quando perguntei a ela porque tinha feito aquilo sem me consultar, ela respondeu, "Você não tem condições", realmente já fazia alguns dias que meu peito ardia, e uma queimação percorria o braço esquerdo, sintomas perfeitos para um enfarte. Não dava nem para se irritar, tamanho o despropósito, mas realmente era muito trabalho para um só. Lembro-me de ter dado umas pancadas na mesa e ter dito "Ok, você trabalha aqui, mas não vem com esta de casar, não sirvo para isto (já havia esquecido o pedido). Então entre uma fala e outra ouço ela dizer "Só quero sua sabedoria". Parecia que uma escora tivesse sido removida de meu coração.

Seguimos assim, cada um na sua, até que alguns meses depois:

Amigos, amigos, Quinta feira,  madrugada, e o Bar do Pintinho seguia normal, os músicos chegando de suas apresentações passavam por lá para saber das últimas, e tal. Numa mesa Sandra Rodrigues, acompanhada do Wagner Batera que não saia do balcão, Cinthia, eu, e toda sorte de pessoas que a noite permitir. Derrepente hora de ir, e cadê a Cinthia, Tinha se rendido ao convite de xxxx, só ficaram as sandalhas que tratei de carregar, Sandra me chamou de lado e disse, "Você não vai aguentar isto". Segui cambaleando, e lá pelas seis da manhã acordei e vi as sandalhas. Liguei para ela, "Estou na casa de fulano, " e como diz Chico Buarque, "Atrás de um homem, triste, há sempre uma mulher feliz, e atrás desta mulher mil homens sempre tão gentis", tratei de me "casar" com ela, ali mesmo no telefone. Alexandre estava comigo na ocasião, pois morávamos no casarão da Rua do Porto. Após desligar o telefone, chorei em pranto por bons minutos, ele só me acalmava, "Todo mundo beija a lona um dia", alusão ao lutador que cai de cara na lona do ringue. Hoje vejo, como é duro aceitar um presente.

Agora veja o momento que nos separamos, e curiosamente estavamos assistindo o mesmo amigo Alexandre, tocar em um bar.

http://compreensaosuficiente.blogspot.com/2010/06/dividida-ali-ale.html
  
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11 de jun. de 2010

As Mãos



Primeira Mão

Morava ainda com minha família em São Bernardo do Campo, trabalhava como metalúrgico e viajava diariamente para Santos onde cursava Engenharia. Não bastasse a enquet com alguns amigos se deveria ou não por o pé na estrada, percebi que viver o dia todo trancado em um galpão não seria meu destino. Na calçada ficou o Pai e a Mãe que não dispensou a oportunidade para algumas lágrimas e 1001 recomendações. O fato é que estava indo e fui. No meio da serra a paisagem convidou a motocicleta  para uma parada. Que floresta, Atlântica, verde, vou pensando comigo: Bom, Cara agora é com você, o mundo é seu,  e de repente vou sentindo algo acima de minha cabeça, algo no céu. Voltei a olhar a mata, e o céu, então percebi.... Uma mão enorme, mas enorme mesmo, era maior que o céu, e bem acima da minha cabeça. Senti que havia uma Mão ali. Bom, tratei de prosseguir rumo a Santos onde me hospedaria na pensão da Zita ao lado da Delegacia, da Faculdade de Odonto, de Arquiterura, e de onde meses depois  deixaria a faculdade de Engenharia  para estudar Física em Londrina e depois em São Carlos. Ali naquela Serra percebi, mas não entendi que Algo já guiava meu destino.

Para relaxar:       Click Aqui  Ouça "Um toque de amor" Zizi Possi

Um toque de amor            

Quando eu sinto o toque
do amor na mão na canção que eu fizer
Eu me sinto enorme sobre esse chão
e um anão perante o céu

Quando eu sinto o toque do seu coração
encostado junto ao meu
Eu me sinto enorme sobre esse chão
e um anão perante o céu.

...Eu me sinto enorme sobre esse chão
e um anão perante o céu. 
Zizi Possi


Segunda mão

Foi no próprio Centro de Raja Yoga de São Carlos, a casa antiga era um pouco afastada, e mudamos para a Av. São Carlos. A casa era bem grande e havia uma sala só para exposição bem de frente para a rua. Uma vez Adelino comentou que não acreditava como eu tinha feito aquilo, a reforma tinha sido geral. Agora que estou me lembrando dos detalhes, uma cortina dividia a recepção e a sala de aula, além de uma sala só para meditação, em outro cômodo era  nosso quarto. Lembro-me como se fosse hoje da irmã Gudi entrando na cozinha, com os olhos super brilhantes e imersa na experiência de que já havia estado naquela cozinha e era igualzinha. Adelino viajava muito e numa noite deitado, sozinho, alguns pensamentos começaram a surgir, lembrei-me de alguém e tal e lá se foi me minha mão rumo as pernas, então pensei, aiaiai, e agora, estou aqui no Centro e não posso fazer nada de errado. Imaginem, tinha 20 anos e estava disposto a jogar os órgãos dos sentidos para o espaço, mas hábitos são hábitos, e estava disposto a mudá-los, para mudar a visão. Mas minha mão ia. De repente, senti outra Mão segurar a minha e afastá-la. Epa. Estava sozinho na casa, o breu era enorme,  a casa então imensa. Um calafrio correu pela minha espinha e não me mexi até que o despertador tocasse as Três e Quarenta e Cinco para Amerit Vela. Estava animado pois na tarde anterior tinha realizado um novo projeto, um Brahma Baba Light. rsrsrsrsrsr


Terceira mão

Foi em Om Shanti Bhavam, Madhubhan, Que numa aula ou troca de experiências, Ouvi de uma irmã o compartilhamento de sua experiência de como tinha se relacionado com o Pai, de forma tão amorosa e carinhosa. Ouvi, e retornando ao meu quarto, pensei, Ah, minhas experiências são mais práticas, de amigo, de companheiro, etc, não muito de amor, carinho, e tal, e fui dormir meio "chateado" com isto. Fiquei com "vontade" daquela experiência. Não é que já deitado surgiu a Tal da Mão! Pois é, acariciou meus cabelos, bem suavemente. várias vezes. Só que desta vez, estava em Madhubham, e aproveitei a experiência e adormeci.





Quarta Mão

Esta não é bem uma mão, é uma "visão",  Tendo deixado Campinas e residindo em Piracicaba onde criamos a Editora Confluência, futura Editora Brahma Kumaris, diante da decisão de retornar com a Editora para São Paulo, fiquei meio sem opção, e o trabalho esta exigindo muito. Ainda mantinha minha regularidade em todas as atividades, etc. e num sábado a tarde, tudo limpinho, nada melhor do que uma meditação de duas horas no Centro. Desci do Jardim Elite de Bicicleta e curta padjama branco. A meditação foi regular e ao sair, já no portão, olhei para a Av. Saldanha marinho no sentido da editora, e tive um sentimento, foi puro, mas senti que não queria ir para a editora e onde morava sozinho, não tinha mais o que fazer ali. De repente, em menos de um segundo, tudo se passou na minha cabeça, outra casa, outro lugar, um ambiente, e uma moça, e um senhor, tudo claro e instantâneo. Senti novamente o guidão da bicicleta e perguntei para mim mesmo, onde fica isto? A "visão, intuição tinha sido clara" Olhei para baixo, para o lado, pensei comigo mesmo como vou encontrar esta casa? Tratei de seguir. A moça eu mais ou menos reconhecia, acho que era uma que vi uma vez numa palestra, mas onde fica esta casa? Quem é esta moça? A resposta só veio tempos depois quando Denise estacionou seu carro em frente a editora. Ela havia me ligado a tarde, uma moça que desconhecia, querendo conversar sobre espiritualidade. Marcamos um jantar, ela passaria e me levaria. Quando abri a porta do carro é que fui perceber que aquela era a moça da visão. Jantamos no antigo Restaurante Casa Velha, na Rua do Porto, e a uns quatrocentos metros do banco onde Denise disse estar sentada e ter tido a inspiração de me procurar. Nos tornamos companheiros por algum tempo, seu pai residia nesta casa que depois foi comprada e ao nos separarmos ela foi para um apartamento e eu e seu pai Sr. Augusto residimos neste imóvel por vários anos até sua morte. O imóvel mais parecia um museu, bem localizado e cheio de pedras, livros, estátuas, e tudo mais, uma sala só para biblioteca, outra para meditação. Ela acabou se aproximando de minhas irmãs de Campinas, viajando para Índia, etc. Eu vivi bons anos na companhia do Sr. Augusto, um velho português dono de uma cultura impar. Ganhei um pai por alguns anos, que substituiu o meu que a anos já tinha ido e curiosamente também se chamava Augusto.


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