5 de mai. de 2010

Morri de Amor


7:30. Deixei a Elisa na escola infantil, Cinthia no trabalho, e quando retornava avistei três tucanos numa cerca de curral. Parei e fiquei um pouco com eles até que voassem. Cheguei em casa e fui logo me envolver com o que mais gosto e me atrai. O estudo do Yôga.

Comecei a escrever um e-mail para  minha amiga e irmã Luciana Ferraz.
Minha intenção era mostrar alguns pontos que vinha percebendo e investigando. Copiei isto do rascunho salvo automaticamente no gmail:

"Minha querida irmã.
Não quero ser chato, posso estar enganado;
Mas tem algo ai, e muito importante, por isto estou assim tão eufórico.
O ponto é:
Onde há Amor há rendição (algo assim)
Ai, Você sabe. Baba é Karankaravanhar (Aquele que faz e inspira outros afazer). Ele me fez "Ver " tudo isto,

E "ver"  para mim naquele momento, era entender, compreender..."
Estava nesta parte do e-mail, ia abrir um arquivo e tal, ai.... Aconteceu!!!!

(Obs.: Neste momento senti um pulso, levantei-me, tive uma das "visões" mais incríveis desta vida, escrevi (ou melhor escrevemos) dezesseis páginas, cai duro no sofá e só me levantei ás 15:00 hs.)

Foi assim:

Enquanto escrevendo o e-mail, tive um impulso, levantei-me e
virei, pegando um maço de folhas na impressora e girei.... Me deparei com a lareira, olhei para onde estava sentado, e virando, ao passar o olhar pela porta de entrada vi algo indescritível. Um túnel que me levava. Se mantivesse o amor eu ia, e o medo ou o apego me fazia retornar. Então o corpo continuou a girar e vi  toda Velha Guarda de compositores da MPB, um grupo grande em pé na escadinha que vai para a cozinha. Tentei observar melhor mas não pude conter o impulso me deparando com a TV ao lado do sofá. Automaticamente minha mão começou a escrever e eu observava. Foram 16 páginas sem parar, escrevi em pé sobre a televisão, .

Conforme escrevia, ia observando, eu estava ali, participava via e a mão escrevia, a mão estava escrevendo, eu não pensava no que ia escrever, escrevia, via e pensava. Ai Pensei. É agora, já foi, não volto mais, para mim não teria volta. Ia morrer. A mão escrevia e eu observava e pensava. Ai pensei no ponto que Baba sempre fala que se todas as árvores virassem papel e o oceano tinta, ainda não escreveríamos o conhecimento. Fiquei preocupado, para que o papel e a caneta não acabace, pois temia que quando terminasse de escrever estivesse morto. 

Terminada a mensagem, cai no sofá e fiquei parado, estático. Para mim já tinha ido, olhava as coisas, (Aqui é um silêncio físico só), e fiquei não sei quanto tempo, meio deitado, pensava em me mexer mas não mexia, sentia um tipo de medo, para mim ia entrar alguém pela porta e me dar um tiro. Era meu plano ir fazer algo no Rio Piracicaba que fica encostado a minha casa, mas quem falou que eu ia, tinha medo, mas tinha vontade, então era medo e vontade. (Veja bem nunca, jamais pensei em me matar, nem penso, mas estava "morto" e a vontade e a lembrança e o amor estavam lá e tudo isto alimentava a experiência, por isto é que não dá para explicar. Lembrei-me de parte de uma música "O amor é fogo que arde sem se ver......)

Fiquei um bom tempo deitado. tentando entender o que tinha se passado, imóvel. Ai pensei, minha mãe se foi,  alguém se foi. E achava que fosse eu, ou que algo me levaria a qualquer momento.

Ai lá pelas 15:00 hs escrevi isto, que foi fruto de minha experiência:

"Faça um nada bem feito até chegar a perder a fome (meu café da manhã tinha ficado no pelo meio), e morrer de amor, não fazer nada. Pôoh!!, mas tenho que continuar a escrever e a lembrar e a ter fé de que vão saber ler isto, e assim por diante."

Ai fui me movendo e tal.

Quando estava parado, estático, caído no sofá, ouvi a Lavínia (minha enteada com 10 anos de idade) que chegava da ginástica. Fiquei feliz de ouvi-lá. Quando ela entrou na sala, eu a olhava, e ela me olhava; Até que perguntei a ela "Tudo bem?" Ela respondeu e saiu rapidinho, era umas 10:30 hs.

A noite,  estava comentando o acontecido com a Cinthia quando chegou Lavínia retornando da escola, (ela normalmente sai as 12:15 para ir para a escola), e lembrei-me que ela tinha chegado e me visto. Ai perguntei a ela:

Lavínia, quando você chegou de manhã, o que viu?
Ela respondeu: Você estava no sofá.
mais como?

-Você estava vermelho.

Vermelho como? E ela apontou o tubo de detergente limpol de maça que estava sobre o balcão e respondeu:
- Vermelho assim.

Perguntei novamente:

Lavínia, mas como estava minha cara? Estava feliz ou triste?

Ela nem pensou... e disse:

-Cara de desesperado.

E completou:
- Só sei que fui para a casa da Bárbara......e de lá para a escola.

Retornando da ginástica, ao me ver naquele estado,
ela tratou de ir para escola rapidinho e mais cedo. rsrsrsrsrsrs

O fato é que fique estático até as 15:00 hs, quando retornando os movimentos, liguei para Cinthia, e fiquei aliviado de ver que estava tudo bem, perguntei se ela sabia de algo, alguém teria morrido? Ela disse que não. Para mim algo tinha acontecido. Dei uma volta, vi que estava tudo OK. Ai olhei para o computador e sem pensar, tratei de digitar o que tinha escrito (as 16 páginas) e enviei sem pensar para  três remetentes, era um tipo de pedido de ajuda, de satisfação. Aquilo me aliviou.

O E-mail dizia o seguinte:

Luciana, Sr xxxxx e Sra. zzzzzzz, (os três remetentes)

Isto é o que desenrolou, a vela que queimou, a teia que formou,
"Vi" um pedacinho do "Drama" , como ele gira.
(e digitei as 16 páginas que não convém escrever aqui) e no final escrevi.

O que ia colar no e-mail para vc antes da experiência que tive é isto:

Muito semelhante ao esquilo na sua roda é o Homem, que tendo posto a roda do Tempo a girar fica de tal modo dominado por ela e levado pelo movimento, que já não pode crer que ele é que a faz mover, nem "acha tempo" para deter o giro do Tempo.
A roda do Tempo gira no vácuo do Espaço. No seu aro estão situadas todas as coisas perceptíveis pelos sentidos que nada podem perceber senão no Tempo e no Espaço. E assim as coisas continuam aparecendo e desaparecendo. O que desaparece para um em certo ponto do Tempo e do Espaço, aparece para outro em outro ponto. O que pode ser dia para um é noite para outro, dependendo do "Quando" e do "Onde" do observador. Uma só é a estrada da Vida e da Morte, ó monges, sobre o aro da roda do Tempo, pois o movimento em círculo jamais pode atingir o fim e jamais se desgasta. E todo movimento no mundo é movimento circular. (que copiei do "O livro de Mirdad - Mikhail Naimy"

Olha que legal. Minha mente "vê" inspiração.
"Eu cantado,
encantado"
Acho que vou me especializar em poesias com três palavras.
Este é meu trabalho.
Costumo dizer:
Amor, se paga com Amor.
Sérgio Roca.
26-03-2010



Assim terminei o e-mail e com certeza, esta foi uma das mais marcantes experiências de minha vida, e foi ela que me inspirou  criação deste Blog.


.

3 comentários:

  1. A música perfeita para esta postagem... http://www.kboing.com.br/caetano-veloso/1-48192/

    ResponderExcluir
  2. Sem palavras Sergio .Palavras apenas não descrevem o sentimento e a emoção do momento vivido por você nesta incrível experiência na qual só pessoas especiais "conectadas"com sensibilidade maior e mais profunda podem vivenciar . Obrigado Sergio por ter dividido e confiado em nós para viajar na tua incrível sensibilidade e amor.

    ResponderExcluir